A minha amiga

Tenho uma amiga mesmo amiga. Não é uma amiga de sempre (nem há meia duzia de anos nos conhecemos). Mas é sem dúvida alguma uma amiga para sempre (ponho as mãos no lume sem medo algum de me queimar). Conhecemo-nos no trabalho, e a empatia foi imediata. Com o passar do tempo comecei a perceber que ela é uma extensão da minha personalidade. Ela pensa como eu. Ela percebe as minhas piadas. Ela tem o meu humor. E também o mau humor matinal (isto ficou tão claro na nossa viagem a Barcelona). Ela percebe o meu olhar (às vezes olho para ela e nem preciso dizer nada, porque ela sabe o que eu quero dizer). Depois tem a sorte de ter uns pais 5 estrelas, que, sinceramente considero familia (ou mais, porque tenho mais carinho por eles do que por muitos da minha familia). A mãe uma super querida, "p'rá frentex". O pai algo recatado, mas tão tão fixe. Foi ele que alimentou (literalmente) os meus desejos gastronómicos na gravidez (aquele leitão e as queijadinhas de Sintra souberam-me pela vida). E depois é ver o carinho que eles têm pelo meu piolho. Um carinho genuíno e sincero. É ver a cara de felicidade do pai da minha amiga quando o piolho lhe "deu 5" e foi de mão dada sozinho, sem olhar para trás, com ele para fora do restaurante...

Esta minha amiga esteve ao meu lado naqueles momentos de alegria e naqueles momentos de tristeza. Ela esteve sempre lá. Pessoalmente, por telefone, por email, por sms...ela estava lá! Ela sempre foi "a optimista". Ela sempre me animou. Sempre.

Só a vi chorar 2 vezes. E entrei em pânico, porque quem é "a chorona" sou eu!

De há uns tempos para cá sinto-a triste. Sei que está cansada e saturada. Do trabalho e da sorte. Sim a sorte, essa desgraçada que falta sempre às pessoas boas...e como tem faltado à familia dela! Ela diz-me que não está triste, que está bem...que hoje dormiu bem e que já está bem disposta. Nananinanão! Eu não acredito. Eu já a conheço tão bem. Até pela forma como escreve os emails, eu noto que anda com um peso enorme nos ombros. E eu mais uma vez estou em pânico! Porque não sei o que fazer. Porque não suporto saber que está triste. Só lhe sei dizer que estou aqui. Sempre.