Quando vim trabalhar para onde trabalho actualmente, conheci o Pedro. Um espanhol de sessenta e muitos anos. Na altura ele elegeu-me a sua tradutora oficial. (Portunhol é comigo!) Volta e meia levava-me uns montes de folhas para eu "escrever bonito" em português. Cumprimentava-me sempre com um beijo na mão e um "Hola Amiga".
O Pedro era uma espécie de professor Pardal: bastava alguém lhe dizer "Achas que é possível..." e ele tornava possível. Uma das suas invenções até foi patenteada, de tão espectacular que era.
Volta e meia ele dizia-me: "qualquer dia reformo-me, vou criar galinhas, dão menos chatices". Sempre lhe disse que criar galinhas é uma seca. O melhor era ficar a trabalhar!
Até que há coisa de um ano, lá foi ele criar galinhas para Espanha. Há uns 6 ou 7 meses atrás veio visitar-nos. Perguntei-lhe pelas galinhas. Disse que eram mais chatas do que eu. Nessa altura achei que estava mais magro. Mais velho. Ainda lhe disse que o melhor era voltar. De Espanha nem bons ventos, nem bons casamentos.
Há uns meses soube que tinha cancro. Não queria falar com ninguém. Não queria que ninguém o visse no estado em que estava.
Hoje soube que o Pedro morreu.
Adios Amigo!
É sempre triste ver partir os bons amigos, criadores de galinhas ou não!
ResponderEliminarE ele tinha razão para não querer ser visto com cancro, preferiu que o recordassem como ele sempre foi ;)